quarta-feira, 14 de agosto de 2013

3h33

Consideraram-me sensitiva. Fizeram-me perguntas, me observaram pelo fundo dos olhos e tiveram ideias. A líder, uma velhinha magricela e lépida, sempre com os olhos em outro lugar, sem nunca largar a sacola branca de plástico - parecia que dentro havia algumas velas - não me olhava nos olhos nunca. Sentaram-me numa mesa de bar, confabularam. Eu não falava - que uso disso?
Mandaram esperar numa esquina. Eu, bovinamente obediente, segui meus passos até a rua escura. Numa árvore, um audacioso ladrão me abordou alegremente - é um assalto aí, mano - dizia como que para uma criança surda. Mandei-o se foder. Aliás, nem tinha dinheiro. Seus olhos faiscaram arregalados - gritei. Ele estava a poucos centímetros; senti algo nas costas. Uma espécie de arrepio gelado que irradiou pelos braços e pernas. Havia uma faca uns cinco cm pra dentro da minha carne, e a rua estava cheia de gente invisível.

***

Uma garota numa sala ampla com uma vista incrível; um rapaz sentado ao lado dela; eu do outro lado da sala, observando suas silhuetas refletidas na janela gigantesca, o azul atrás . O rapaz olhava-me com cara indefinida, considerando minhas expressões; a moça não parava nem para fôlego "eu o conheço sua mãe e seu pai e sua proteção e sua casa e seus receios mas ele é absurdamente calmo."
Um anexo surreal.


Hasna, porto e dança.

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