Ah, meu dourado amor! Não cante nunca
tua paixão com toda essa ternura.
Jamais me diga "só a ti pertenço".
Com certas palavras é preciso usura.
Não diga "amo-te" como um bom dia
nem me olha todo o tempo com esse olhar
de perplexidade apaixonada
pois aos olhos, muita vez, é bom calar.
Não exija que te ame assim, intensa,
num arrebatamento irrefletido,
hoje paixão, amanhã cruel sentença.
Deixa que te ame calmamente,
como o mar, em sua profunda permanência
ou o sol, em sua distância incandescente.