quarta-feira, 4 de junho de 2014

Lua em câncer



Tanta angústia perdida no espelho
Vasto tempo espalhado em lamentos
Quantos olhos de dentro da alma

Choram o passado perdido no vento?





And the world spinning round forever
Asleep in the sand with the ocean washing over.

Do amor como uma flor



Vejo-me pelos ocasos
E um formigueiro de gente
Anda por meu coração.
Garcia Lorca




Do amor como uma flor: viçoso, forte. Cria raiz no coração. Enfeita a alma, deixa a vida feliz – é um colorido pro tempo, uma lembrança constante no fundo da memória; no começo, no meio e no fim do presente, pra além do futuro.
Tempestade atinge a flor: o vento leva embora as folhas, as pétalas e a beleza. O colorido fica opaco, ensopado de tristeza. O jardineiro chora lágrimas sentidas, derrama sua alma e adormece com a terra. Chora dormindo; rega, com seu pranto trágico, a raiz da flor. Lá dentro da terra, a raiz treme. Se fortalece. Lá dentro da terra a raiz cresce, envolve o corpo do jardineiro triste. As flores dos sonhos dele agarram-se à raiz para dar-lhe força – será outra flor, de beleza triste e sublime.


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Imagem: Cherry blossoms, Van Gogh.
Para mais trabalhos do pintor, acesse https://m.artsy.net/search?term=Van+Gogh+ (em inglês). 


Dalila

Dalila bonita
Do passo de nuvem
E alma colorida
- cadê teu regaço?

A fada felina
Perdeu-se no espaço.

Bonita Dalila
Da auréola de cachos:
Vai dançar com Deus
O teu compasso.

Manda lembranças
E diz que aqui

Ficou só breu.