segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Dance of Death
Decidi dizer;
Agir, não agir.
Pensar, se esconder.
Não pensar, fingir,
Recordar, dizer.
Apagar, viver,
Recordar, morrer.
Decidi não ser.
Não ser mais terrena:
Só serei do avesso.
Decidi morrer
Com o sonho oculto
Que me invade o sono,
Me sorri e sussurra;
Me estende os braços
Em que me abandono;
Me censura a ira,
Pretende um começo.
Roça o cabelo
Cor de areia
No meu rosto
Tão suavemente...
Desfaleço.
http://www.youtube.com/watch?v=8eLFopNrSUg
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
3h33
Consideraram-me sensitiva. Fizeram-me perguntas, me observaram pelo fundo dos olhos e tiveram ideias. A líder, uma velhinha magricela e lépida, sempre com os olhos em outro lugar, sem nunca largar a sacola branca de plástico - parecia que dentro havia algumas velas - não me olhava nos olhos nunca. Sentaram-me numa mesa de bar, confabularam. Eu não falava - que uso disso?
Mandaram esperar numa esquina. Eu, bovinamente obediente, segui meus passos até a rua escura. Numa árvore, um audacioso ladrão me abordou alegremente - é um assalto aí, mano - dizia como que para uma criança surda. Mandei-o se foder. Aliás, nem tinha dinheiro. Seus olhos faiscaram arregalados - gritei. Ele estava a poucos centímetros; senti algo nas costas. Uma espécie de arrepio gelado que irradiou pelos braços e pernas. Havia uma faca uns cinco cm pra dentro da minha carne, e a rua estava cheia de gente invisível.
***
Uma garota numa sala ampla com uma vista incrível; um rapaz sentado ao lado dela; eu do outro lado da sala, observando suas silhuetas refletidas na janela gigantesca, o azul atrás . O rapaz olhava-me com cara indefinida, considerando minhas expressões; a moça não parava nem para fôlego "eu o conheço sua mãe e seu pai e sua proteção e sua casa e seus receios mas ele é absurdamente calmo."
Um anexo surreal.
Hasna, porto e dança.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Thoughts arrive like butterflies
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Noite curta
No gatilho do desejo
Corre o corpo
Alcança o beijo
Da noite curta e disforme.
Nos olhos, o brilho torto
Da distância aproximada
Nos braços, um corpo etéreo
Nos lábios, canções antigas
Nas pernas, a estrada certa
Nos sonhos, aquele rosto
Nas mãos, o tempo e a dança
Dos corações enlaçados.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Loop
All monuments of men,
They're sinking in vain.
Tiny moments of mine,
They're floating in space.
domingo, 4 de agosto de 2013
Randômica
A linguagem -discutia- é uma forma de afirmar a própria identidade? Digo, se chamava-me menina há algum tempo, e agora chamo-me mulher, a questão é semântica ou existencial?
Sobre o interlocutor,
Você acha que é ninguém,
Mas ninguém é sempre alguém
Que tem dentro de você.
Isso quem me ensinou foi o velho amigo marinheiro, velho de idade e novo de amizade, que dizia ter viajado o mundo, dizia que eu não ficava bem de batom porque não era natural.
O velho químico obcecado por essências.
Bem fez ele de ir embora dessa cidade com cheiro de água sanitária e meia química; trânsito sem misericórdia e gente sem amor.
Freud, Karenina, Zabriskie, fotografia fragmentada surreal, Dalí, Fahey, Neruda, bicicleta, estrada, gatas que me deixam fazer carinho, sonhos, aulas, o sol batendo no azulejo amarelo, cigarro, vestido psicodelico, o lindo piano do Yann Tiersen, Leary, vento, as árvores sem flor, a dança na cozinha, o lobo da estepe, o sol, o sol, a lua cheia e a vista da 'varanda' de casa.
And the queen sat
And smiled to the cat
Who smiled back.