terça-feira, 9 de julho de 2013

À la Poe

Os macacos fazem ressuscitar. Era o que dizia aquele velho conto onírico psicodélico, ao menos. Na casa de D., sabiam que ele voltaria. O homem arranjara tudo desde antes de sua morte; era só por em prática. A grande casa clean vivia triste sem seu clown, por que não?
A moça e o rapaz foram atrás do macaco. Andaram pelos cantos da casa, como baratas. As madames os olhavam de esguelha, desconfiadas. No fim, resolveram com uma ligação para o além. Macaco que nada, já há telefone de almas. O clown voltou, sem piadas.  A morte o havia deixado exausto. E, no porão da casa, penduravam uma linda bebê no varal, para vê-la sorrir mesmo assim. Ela sorria um riso fraco, sem dentes e úmido; um prenúncio de desgraça que me enregela o coração.





Imagem: 'Varal dos enforcados', Ludmilla Ciuffi.  

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