quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Dentro do grito a menina

Um grito. Vinha de dentro do sonho, de dentro dos livros e da miniatura de cavalo na estante. Saía ressonante desde seu princípio, agudo nos picos de voz; grave na impressão do tímpano; como uma impressão digital de terror cravada nas horas de calor excessivo da madrugada. Não é o primeiro; têm se seguido; gritos e gritos da voz desconhecida. Enfrentam o seu pavor ancestral, assustam os maus espíritos, cantam insanamente o poema das profundezas?
Me tiram o sono, a paz, a mansidão de um sono com Fahey aos ouvidos, tática pra ver se durmo mais, ou bem, ou durmo afinal. Me tiram o sono pra me mergulhar em sua inconsistência e efemeridade; se vão e  acordo pensando quem é que está tão desesperado.



Eu sei de onde vem: do espelho que me engana, da cara interrogativa no espelho,
do espelho maligno por trás dos meus olhos. O grito materializa o desejo de me arrastar
pra fora do meu corpo, da minha carne, da minha essência. É libertação. E quando acordo,
como voltar pro grito, sair da prisão do corpo?



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http://www.youtube.com/watch?v=7BkHaiLCV7Q










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