sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Não-pensar

Sobre os gênios, não importam. Se são eles que conformam o mundo, se há a mente vigorosa de onde saem a ideia e a prática e a constatação crucial de toda a dita verdade humana, há também a dúvida que não será solucionada. Fracionada, emendada e revirada será, aposte, mas há o que não seja justificável. A beleza, veja, não é absolutamente explicável ou motivada. A flor é, e é sendo. Dois raios no mesmo lugar, uma paisagem perfeita, um lapso de êxtase: não é tanto o porquê, mas o durante e depois - o Porquê não os justifica. O êxtase, vá lá... mas é um reflexo, e todo reflexo está simultâneo ou posterior a algo.
Certos impulsos são injustificáveis. Há todos os nossos conhecidos, de que falam Camus, Sartre e tantos; há os desconhecidos, os arraigados.... Entre eles, a necessidade de adaptar tudo a si mesmo e o logro de conduzir o pensamento alheio e dissecá-lo são sintomáticos. Se se toma a forma da dúvida, modela-se a paranóia da dissecação ao contrário: cada pequeno fragmento do objeto de estudo gruda-se ao pesquisador modelando-o numa esfera pensante, pesada e escura, incerta. Disforme. É preciso tomar cuidado com a mente. Se é bom que ela não tenha limites práticos e filosóficos, é preciso não perder-se no caminho. 

Gênio é apenas uma denominação com um significado abrangente, uma espécie de palavra coringa para um tipo de indivíduo enigmaticamente atento a tudo. Não é difícil chegar aí, árduo é manter-se na corda bamba do abismo da sanidade.




Para moi, a sanidade é relativa. Sentir foi sempre mais desejável que pensar. 











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