sexta-feira, 20 de julho de 2012

Teresa

Teresa do olhar fixo. Apaixonadamente perplexo.
Ela era uma pedra. Estática e mutável. Inerte e permanente, plácida. Bovinamente plácida.
E então, era. Acontecia a todo momento; sua existência fervilhava. Intensamente contemplativa, compartilhava da alma da natureza, da urbe, do cosmos.
O tempo fluía, escorria por seus dedos, e ela observava, como o último ato antes da morte. Percebia um movimento contínuo e animalesco no andar e comer e falar das pessoas. A fruição era angustiante. As ondas de percepção a jogavam no instinto. Ela vislumbrava o uno inseparável, o homem-animal. O instinto primevo. E se envolvia na fruição sensorial, espiritual. A lógica não tinha razão.
Teresa andava com pernas de dança, cabeça de loucura e alma de lugar algum.





Imagem: 'Beggar Woman', Modigliani.

Um comentário:

  1. Pena que o tempo curto me impede de mergulhar em seu mundo. Queria ter tempo de ler mais, estou apaixonado por sua escrita. Um abraço

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