Que arranca espinhos dos corações alheios:
Um por um, numa tarefa minuciosa.
Arranco espinhos com os dentes, com as mãos, com o roçar dos meus cabelos soltos.
Cada espinho tem um nome, cada nome uma angústia.
Sou exímia desfazedora de angústias alheias.
Demora, mas faço com que o Sol entre por todas as brechas e poros de um ser antes inerte.
Eu trago rosas nos cabelos, carinho nas mãos, êxtase nos lábios.
Eu trago vida.
No fim do dia, despida, suada e exausta
Eu volto para mim mesma.
A minha benção é minha maldição:
Não arranco angústias do meu coração.
Volto manca, suja e rota.
Julgada pela diversidade do meu amor.
Vazia, porque dei tudo o que tinha.
Volto andando devagar,
Mãos dadas comigo,
Às margens do mar que corre entre meus cabelos e pés.
Deixo que as ondas me derrubem.
Escorrego graciosamente para o fundo,
Abro os olhos e me vejo.
Aí, onde não podem me encontrar.
É este o lugar ao qual pertenço.
É aí que novamente me preencho.
https://youtu.be/4hTpR-TYTZ0